Era dia, de repente o relógio daquele rapaz marcava as 13h.
Já tinha almoçado, mas algo parecia estar a incomodá-lo. De 10 em 10 segundos
olhava para o seu telemóvel. Acho que já vi aquele telemóvel em algum lado.
Parecia nervoso, ansioso, pela reacção que transmitia e que todos podiam ver na
cara dele. Estacionou o carro num parque de estacionamento bem conhecido, afinal
tudo parecia idêntico a um dia normal, mas não. Parecia que tinha vindo a
correr até ali.
O Sol já ia alto, não se viam estrelas no céu, talvez
naquele dia estiveram escondidas na plateia, para assistir a algo especial e
por isso deixaram o Sol iluminar o caminho daquele rapaz.
Está um dia quente, e parece suar mais do que o costume.
Algo está a acontecer e tenho de saber o que se passa.
Algo mudou no seu trajecto, normalmente ele costuma virar à
direita para o local onde costuma ter aulas, e hoje desceu umas escadas. Cada
degrau era novo para ele, e como estava a tremer teve de olhar para o chão
quase dezanove vezes, em talvez dez degraus, poucos mais. Mas não reparou
quantas vezes olhou para o chão, nem quantos degraus haviam ali, talvez até as
escadas estariam a dizer-lhe alguma coisa naquele momento. Tudo acontece por
algum motivo, os números foram destinados a serem exactos.
Chegou finalmente ao final daquelas escadas, parecia que
tinha vindo de uma maratona, se as escadas fossem a subir naquele trajecto
talvez teria abafado, mas não, felizmente, senão alguém tinha mudado o seu
trajecto para que ele chegasse ao seu destino. “Tudo tinha de correr bem”.
Estava tanta gente a passar, ele olhava para todas elas,
parecia estar à procura de algo por aquele sítio. Caracterizava-se pela pressa,
rotinas, de tantas pessoas que ali passavam.
Virou à direita, parecia perdido num sítio que conhecia bem há
muito tempo, e encontrou um banco de pedra. Era um banco branco, meio cinza
talvez, mas um banco. Como todos os bancos, servem para diminuir a dor do final
de mais um caminho.
Talvez ele não soubesse, mas acabaria ali um caminho da sua
vida, naquele banco. A dor existia, mas era invisível, não era dia para sofrer,
o tempo parecia era não passar.
Por isso tudo o deixava ainda mais nervoso, as pessoas passavam,
riam, gritavam, falavam, entoava o ruído naquele corredor, mas ele não entendia
nada, as vozes pareciam estar todas acumuladas no fim de um túnel, longe,
escuro onde ele sempre viveu. Ele apenas criar ver a luz chegar.
10 JAN, 2017 0
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