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A História Contada num Capítulo - Parte II

Era dia, de repente o relógio daquele rapaz marcava as 13h. Já tinha almoçado, mas algo parecia estar a incomodá-lo. De 10 em 10 segundos olhava para o seu telemóvel. Acho que já vi aquele telemóvel em algum lado. Parecia nervoso, ansioso, pela reacção que transmitia e que todos podiam ver na cara dele. Estacionou o carro num parque de estacionamento bem conhecido, afinal tudo parecia idêntico a um dia normal, mas não. Parecia que tinha vindo a correr até ali.

O Sol já ia alto, não se viam estrelas no céu, talvez naquele dia estiveram escondidas na plateia, para assistir a algo especial e por isso deixaram o Sol iluminar o caminho daquele rapaz.

Está um dia quente, e parece suar mais do que o costume. Algo está a acontecer e tenho de saber o que se passa.

Algo mudou no seu trajecto, normalmente ele costuma virar à direita para o local onde costuma ter aulas, e hoje desceu umas escadas. Cada degrau era novo para ele, e como estava a tremer teve de olhar para o chão quase dezanove vezes, em talvez dez degraus, poucos mais. Mas não reparou quantas vezes olhou para o chão, nem quantos degraus haviam ali, talvez até as escadas estariam a dizer-lhe alguma coisa naquele momento. Tudo acontece por algum motivo, os números foram destinados a serem exactos.

Chegou finalmente ao final daquelas escadas, parecia que tinha vindo de uma maratona, se as escadas fossem a subir naquele trajecto talvez teria abafado, mas não, felizmente, senão alguém tinha mudado o seu trajecto para que ele chegasse ao seu destino. “Tudo tinha de correr bem”.

Estava tanta gente a passar, ele olhava para todas elas, parecia estar à procura de algo por aquele sítio. Caracterizava-se pela pressa, rotinas, de tantas pessoas que ali passavam.

Virou à direita, parecia perdido num sítio que conhecia bem há muito tempo, e encontrou um banco de pedra. Era um banco branco, meio cinza talvez, mas um banco. Como todos os bancos, servem para diminuir a dor do final de mais um caminho.

Talvez ele não soubesse, mas acabaria ali um caminho da sua vida, naquele banco. A dor existia, mas era invisível, não era dia para sofrer, o tempo parecia era não passar.

Por isso tudo o deixava ainda mais nervoso, as pessoas passavam, riam, gritavam, falavam, entoava o ruído naquele corredor, mas ele não entendia nada, as vozes pareciam estar todas acumuladas no fim de um túnel, longe, escuro onde ele sempre viveu. Ele apenas criar ver a luz chegar.

10 JAN, 2017 0

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